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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Prêmio ABCA 2014

A Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA – realizou ontem, 19 de maio de 2015, no SESC Vila Mariana, a cerimônia de entrega do prêmio destinado aos artistas visuais, curadores, críticos, autores e instituições culturais que mais contribuíram para a cultura nacional em 2014, de acordo com o concenso de seus integrantes.



O prêmio contempla dez categorias de diferentes setores das artes no Brasil.
150 associados, em escala nacional, escolhem quem serão os premiados, através de uma votação, de acordo com suas indicações que são discutidas em uma assembleia geral. 
Para a premiação dos melhores de 2014, a assembleia foi realizada em 13 de março. 

O troféu foi criado pelo escultor Nicolas Vlavianos, e foi entregue por meio de homenagens discursos dos ganhadores.

A premiação contou com a apresentação de integrantes do grupo Pedra Branca fundado em 2001 por Luciano Sallun, e que toca músicas cuja sonoridade tem base em pesquisas de música étnica mundial, como a indiana, a árabe, cigana, etc... 

Os sons da sítara, do alúde, da percurssão oriental, entre outros instrumentos quebraram o clime formal da cerimônia, trazendo uma atmofesra lúdica e artística.
















Premiados

Prêmio Gonzaga Duque (crítico pela atuação durante o ano ou publicação - filiado)
Sandra Makowiecky

Prêmio Sérgio Milliet (autor por pesquisa publicada)
José Roberto Teixeira Leite pela publicação da obra João Turin: vida, obra, arte. Curitiba: Nossa Cultura, 2014.

Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea)
Ana Maria Pacheco

Prêmio Ciccillo Matarazzo (personalidade atuante no meio artístico)
Sebastião Salgado

Prêmio Mário de Andrade (crítico pela trajetória)
Mariza Bertoli


Prêmio Clarival do Prado Valladares (artista pela trajetória)
Cildo Meireles

Prêmio Maria Eugênia Franco (curadoria pela exposição)
Aline Figueiredo pela mostra Percurso. Magia Propiciatória. MACP 40 anos. Museu de Cultura e Arte Popular da Universidade Federal do Mato Grosso, 2014.

Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade (instituição pela programação e atividade no campo da arte)
Fundação Iberê Camargo – RS

Prêmio Paulo Mendes de Almeida (melhor exposição)
João Turin – vida, obra, arte realizada no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2014.

Prêmio Antônio Bento (difusão das artes visuais na mídia)
Caderno2 – O Estado de S. Paulo

Destaques e Homenagens
A ABCA atribuiu destaques especiais à Revista da USP pela sessão de Artes Visuais que implantou nos últimos três anos; ao crítico César Romero pelos 40 anos de trabalho no jornal Correio da Bahia e à exposição Carlos Bracher realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Também a ABCA presta homenagem ao artista Darel Valença Lins, ao crítico e ensaísta Carlos Alberto Cerqueira Lemos e ao jornalista Luiz Ernesto Machado Kawall

A Associação, criada em 1949,  premia os incentivadores da arte desde 1978, exclusivamente nas artes visuais e plástica. 
A ABCA teve  papel relevante na resistência ao regime militar, quando liderada por Mario Pedrosa. Atualmente, é presidida por Lisbeth Rebollo Gonçalves.

Sua principal diretriz é reunir críticos de arte, pesquisadores, historiadores, teóricos, ensaístas, jornalistas, professores, brasileiros ou domiciliados no Brasil, e que tenham no seu trabalho o direcionamento objetivo voltado para as artes plásticas. 

Mariza Bertoli (centro), ao lado dos filhos Lucio e Luiz Marcelo (direita)
Para isso, a ABCA realiza periodicamente diversas atividades nacionais e internacionais.

 A associação colabora, com os poderes públicos e a iniciativa privada, por meio da sua atuação social  que visa despertar e intensificar o interesse do público pela arte.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mestres da Literatura Nacional: Câmara Cascudo

Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898, e faleceu também em Natal em 30 de julho de 1986 e foi um escritor, historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro.


Foi professor da Faculdade de Direito de Natal e dedicou-se por toda sua vida ao estudo da cultura brasileira.
Deixou uma obra extensíssima, como por exemplo o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). 

Estudioso do período das invasões holandesas, escreveu Geografia do Brasil holandês (1956). 

Trata-se, portanto, de um dos mestres da literatura brasileira, específicamente um mesmtre da literatura regional do nordeste. 


Câmara Cascudo, monarquista nas primeiras décadas do século XX, opôs-se a crescente influência marxista no Brasil durante a década de 1930. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, favoreceu os Aliados, demonstrando sua antipatia aos fascistas italianos e aos alemães nazistas. 


Fiel ao seu pensamento anticomunista, não se opôs ao Golpe Militar de 1964, mas protegeu e ajudou diversos populares da região perseguidos pelos militares.

A obra ''Lendas Brasileiras'', publicada em 1945, contém vinte e uma lendas que figuram como os documentos mais importantes do folclore e da poesia do Brasil.

A lenda da Iara, Barba Ruiva, A cidade encantada de Jericoacara, Carro caido, Morte de Zumbi, A serpente emplumada da Lapa, Negrinho do Pastoreio, Fonte dos Amores, A lenda de Itararé, Chico Rei, entre outras são retratadas de forma magistral neste livro.

Vamos agora ver uma das lendas do livro, que remete à região nordeste:

Morte de Zumbi
    Na Serra da Barriga, em sua encosta oriental, viveram, sessenta e sete anos, os negros livres dos Palmares.
    Tinham fugido de várias fazendas, engenhos, cidades e vilas, reunindo-se, agrupando-se derredor de chefes, fundando uma administração, um estado autônomo, defendido pelos guerreiros que eram, nas horas de paz, plantadores de roça e criadores de gado.
    Elegiam vitaliciamente, um Zumbi, o Senhor da força militar e da lei tradicional.
    Não havia ricos, nem pobres, nem furtos, nem injustiças. Três cercas de madeira rodeavam, numa tríplice paliçada, o casario de milhares e milhares de homens.
    Ao princípio, para viver, desciam os negros armados assaltando, depredando, carregando o butiu para as atalaias de sua fortaleza de pedra inacessível.
    Depois o governo nasceu e com ele a ordem; a produção regular simplificou comunicações pacíficas, em vendas e compras nos lugarejos vizinhos. Constituiu-se a família e nasceram os cidadãos palmarinos.
    As plantações ficavam nos intervalos das cercas, vigiadas pelas guardas de duzentos homens, de lanças reluzentes, longas espadas e algumas armas de fogo.
    No pátio central, como numa aringa africana, residia o Zumbi, o Rei naquela república negra, o primeiro governo livre em todas as terras americanas.
    Ali o Zumbi distribuía justiça, exercitava as tropas, recebia festas e acompanhava o culto, religião expontânea, aculturação de catolicismo com os rituais do continente negro.
    Vinte vezes, durante a existência, foram atacados, com sorte diversa, mas os Palmares resistiam, espalhando-se, divulgando-se, atraindo a esperança de todos os escravos chibateados nos eitos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
    A república palmarina desorganizava o ritmo do trabalho escravo em toda a região. Dia a dia fugiam novos cativos, futuros soldados do Zumbi, com seu manto, sua espada e sua lança real.
    Por fim, depois de investidas numerosas, em 1693, sete mil homens veteranos, comandados por grandes chefes de guerra, marcharam sobre Palmares.
    Debalde o Zumbi levou suas forças ao combate, repelindo e vencendo. O inimigo recompunha-se, recebendo viveres e munições, quando os negros, sitiados, se alimentavam de furor e de vingança.
    Numa manhã, todo exército atacou ao mesmo tempo, por todas as faces. As paliçadas foram cedendo, abatidas a machado, molhando-se o chão com o sangue desesperado dos negros guerreiros.
    Os paulistas de Domingos Jorge Velho; Bernardo Vieira de Melo com as tropas de Olinda; Sebastião Dias com os homens de reforço - foram avançando e pagando caro cada polegada qua a espada conquistava.
    Gritando e morrendo, os vencedores subiam sempre, despedaçando as resistências, derramando-se como rios impetuosos, entre as casinhas de palha, incendiando, prendendo, trucidando.
    Quando a derradeira cerca se espatifou, o Zumbi correu até o ponto mais alto da serra, de onde o panorama do reino saqueado era completo e vivo. Daí, com seus companheiros, olhou o final da batalha.
    
Paulistas e olindenses iniciavam a caçada humana, revirando as palhoças, vencendo os últimos obstinados.
    Do cimo da serra, o Zumbi brandiu a lança espelhante, e saltou para o abismo.



    Seus generais o acompanharam, numa fidelidade ao Rei e ao Reino vencido.
    Em alguns pontos da serra ainda estão visíveis as pedras negras das fortificações.
    E vive ainda a lembrança do último Zumbi, o rei dos Palmares, o guerreiro que viveu na morte seu direito de liberdade e de heroísmo...