Eu li Zadig, que é um conto escrito pelo filósofo iluminista Voltaire em 1747. Ele conta a história de Zadig, um filosófo da antiga Babilônia, fadado a um destino misterioso e cheio de percalços. A forma como Voltaire escreveu Zadig traz lições de moral a determinados problemas sociais e políticos de seu tempo.
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire Nasceu em Paris, 21 de novembro de 1694. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, defensor das reformas sociais, apesar das rígidas leis de censura e severas punições que haviam em sua época, é uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes da Revolução Francesa. Teve que se refugiar na Inglaterra durante muitos anos.
A ideia do conto nasceu de uma reunião com a Duquesa du Maine. Entre poetas, escritores e mundanos em seus aposentos, promovia um jogo no qual dadas as vinte e quatro letras do alfabeto, o participante que tirasse o C escreveria uma comédia, oque tirasse O escreveria uma ópera e assim por diante... Voltaire, que frequentava essas reuniões, tirou a letra R e teve que escrever romances. Os primeiros contos escritos por Voltaire para divertimento dessa sociedade perderam-se no tempo, mas Zadig chegou até os dias de hoje para nosso deleite.
Na antiguidade do Médio Oriente, o narrador sábio Sadi, conta a história do nobre Zadig, da Antiga Babilônia. A história de Zadig mostra os reveses do destino de um homem invulgarmente íntegro. A inteligência e a posição social de Zadig sempre despertara o apreço dos grandes reis e sultões, mas a inveja de seus conhecidos, ao invés da admiração como seria de esperar. Os feitos de Zadig eram quase sempre alvo de sabotagem, que ele confundia com azar ou desprezo da Fortuna. Mesmo com todos esses percalços, nosso herói se apaixona pela rainha Astarte da Babilônia, também possuidora de semelhantes virtudes.
Em dada altura da história, após de perder todos os bens e fortuna, Zadig decide mostrar-se magnânimo, apostando na verdade sempre, uma atitude que, no entanto, o coloca em posição vulnerável, uma vez que o inimigo não tem humildade suficiente para reconhecer os próprios erros ou limitações.
Os acontecimentos acabarão por desenrolar-se de forma a que os invejosos tracem involuntariamente a punição para si próprios, espelhando a própria crença de Voltaire e a minha também.
Devido à sua bondade Zadig tem a proteção de um eremita, que detém o Livro dos Destinos, personificada na tradição bíblica pelo anjo Azrael.
A crença na predestinação, a crença na divina providência que favorece o esforço individual, a inteligência e a justiça face à adversidade por se impor à ideologia dominante está fortemente presente na obra, aproximando-se do sistema ético e moral do Zoroastrismo.
Embora esse conto tenha sido um paradigma intelectual de uma época, continua definitivamente atual, sabe pôr que?
Porque ensina o modelo de governante ideal, isto é, primado da razão como o valor predominante, um homem íntegro, que põe o bem-comum, e os ideais de justiça e igualdade como os pilares sobre os quais assentam as suas decisões.
Espero que o Temer leia!