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sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mestres da Literatura Nacional: Câmara Cascudo

Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898, e faleceu também em Natal em 30 de julho de 1986 e foi um escritor, historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro.


Foi professor da Faculdade de Direito de Natal e dedicou-se por toda sua vida ao estudo da cultura brasileira.
Deixou uma obra extensíssima, como por exemplo o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). 

Estudioso do período das invasões holandesas, escreveu Geografia do Brasil holandês (1956). 

Trata-se, portanto, de um dos mestres da literatura brasileira, específicamente um mesmtre da literatura regional do nordeste. 


Câmara Cascudo, monarquista nas primeiras décadas do século XX, opôs-se a crescente influência marxista no Brasil durante a década de 1930. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, favoreceu os Aliados, demonstrando sua antipatia aos fascistas italianos e aos alemães nazistas. 


Fiel ao seu pensamento anticomunista, não se opôs ao Golpe Militar de 1964, mas protegeu e ajudou diversos populares da região perseguidos pelos militares.

A obra ''Lendas Brasileiras'', publicada em 1945, contém vinte e uma lendas que figuram como os documentos mais importantes do folclore e da poesia do Brasil.

A lenda da Iara, Barba Ruiva, A cidade encantada de Jericoacara, Carro caido, Morte de Zumbi, A serpente emplumada da Lapa, Negrinho do Pastoreio, Fonte dos Amores, A lenda de Itararé, Chico Rei, entre outras são retratadas de forma magistral neste livro.

Vamos agora ver uma das lendas do livro, que remete à região nordeste:

Morte de Zumbi
    Na Serra da Barriga, em sua encosta oriental, viveram, sessenta e sete anos, os negros livres dos Palmares.
    Tinham fugido de várias fazendas, engenhos, cidades e vilas, reunindo-se, agrupando-se derredor de chefes, fundando uma administração, um estado autônomo, defendido pelos guerreiros que eram, nas horas de paz, plantadores de roça e criadores de gado.
    Elegiam vitaliciamente, um Zumbi, o Senhor da força militar e da lei tradicional.
    Não havia ricos, nem pobres, nem furtos, nem injustiças. Três cercas de madeira rodeavam, numa tríplice paliçada, o casario de milhares e milhares de homens.
    Ao princípio, para viver, desciam os negros armados assaltando, depredando, carregando o butiu para as atalaias de sua fortaleza de pedra inacessível.
    Depois o governo nasceu e com ele a ordem; a produção regular simplificou comunicações pacíficas, em vendas e compras nos lugarejos vizinhos. Constituiu-se a família e nasceram os cidadãos palmarinos.
    As plantações ficavam nos intervalos das cercas, vigiadas pelas guardas de duzentos homens, de lanças reluzentes, longas espadas e algumas armas de fogo.
    No pátio central, como numa aringa africana, residia o Zumbi, o Rei naquela república negra, o primeiro governo livre em todas as terras americanas.
    Ali o Zumbi distribuía justiça, exercitava as tropas, recebia festas e acompanhava o culto, religião expontânea, aculturação de catolicismo com os rituais do continente negro.
    Vinte vezes, durante a existência, foram atacados, com sorte diversa, mas os Palmares resistiam, espalhando-se, divulgando-se, atraindo a esperança de todos os escravos chibateados nos eitos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
    A república palmarina desorganizava o ritmo do trabalho escravo em toda a região. Dia a dia fugiam novos cativos, futuros soldados do Zumbi, com seu manto, sua espada e sua lança real.
    Por fim, depois de investidas numerosas, em 1693, sete mil homens veteranos, comandados por grandes chefes de guerra, marcharam sobre Palmares.
    Debalde o Zumbi levou suas forças ao combate, repelindo e vencendo. O inimigo recompunha-se, recebendo viveres e munições, quando os negros, sitiados, se alimentavam de furor e de vingança.
    Numa manhã, todo exército atacou ao mesmo tempo, por todas as faces. As paliçadas foram cedendo, abatidas a machado, molhando-se o chão com o sangue desesperado dos negros guerreiros.
    Os paulistas de Domingos Jorge Velho; Bernardo Vieira de Melo com as tropas de Olinda; Sebastião Dias com os homens de reforço - foram avançando e pagando caro cada polegada qua a espada conquistava.
    Gritando e morrendo, os vencedores subiam sempre, despedaçando as resistências, derramando-se como rios impetuosos, entre as casinhas de palha, incendiando, prendendo, trucidando.
    Quando a derradeira cerca se espatifou, o Zumbi correu até o ponto mais alto da serra, de onde o panorama do reino saqueado era completo e vivo. Daí, com seus companheiros, olhou o final da batalha.
    
Paulistas e olindenses iniciavam a caçada humana, revirando as palhoças, vencendo os últimos obstinados.
    Do cimo da serra, o Zumbi brandiu a lança espelhante, e saltou para o abismo.



    Seus generais o acompanharam, numa fidelidade ao Rei e ao Reino vencido.
    Em alguns pontos da serra ainda estão visíveis as pedras negras das fortificações.
    E vive ainda a lembrança do último Zumbi, o rei dos Palmares, o guerreiro que viveu na morte seu direito de liberdade e de heroísmo...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Coletiva ''Into The Light'' na Galeria Raquel Arnaud

A galeria Raquel Arnaud possui um agradabilíssimo espaço e inaugura seu calendário de exposições 2015 com a coletiva ''Into the Light'', com obras de 29 artistas de diferentes gerações.


O quesito que há em comum entre os trabalhos é sua dicotomia entre luz e sombra, o uso de elementos fundamentais da linguagem visual.

Double Rift V (2014) - Gravura de Richard Serra

A marchande, que está completando 40 anos de carreira, reúne artistas do mundo todo com quem já trabalhou, inclusive brasileiros que fizeram carreira internacional.

Os artistas são:
Anna Maria Maiolino, Anne Blanchet, Arthur Luiz Piza, Carla Chaim, Carlos Fajardo, Carlos Nunes, Carlos Zilio, Cassio Michalany, Célia Euvaldo, Daniel Feingold, Ding Musa, Elisa, Bracher, Elizabeth Jobim, Fraçois Morellet, Geórgia Kyriakakis, Hércules Barsotti, Iole de Freitas, Jesús Soto, Luis Tomasello, Lygia Clark, Marco Giannotti, Richard Long, Richard Serra, Sergio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, entre outros... 


Tenho certeza que todos irão gostar muito desta galeria e desta exposição, assim como eu gosto!

De 12 de fevereiro até 28 de março de 2015
De segunda a sexta, das 10h às 19h

Sábados, das 12h às 16h.
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena 
Fone: 11. 3083-6322
Gratuito

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Exposição "Ontem" de Katia Canton

A galeria Paralelo lança a exposição "Ontem" em comemoração aos 20 anos do lançamento do 1º livro, da educadora, escritora e artista, Katia Canton, com curadoria de Eliane Dias de Castro.




Fairy Tales Revisited", foi lançando nos Estados Unidos em 1994 (com segunda edição na Europa, em 1996) pela editora Peter Lang Publishers. 



Em seu lançamento, em Nova York, a obra recebeu a Menção Contemporary Authors pelo Gale Research Institute do Michigan.




A obra apresenta a visão e os sonhos relacionados aos contos de fadas, resgatados das histórias que a artista ouvia quando menina e das pesquisas que produziu ao longo da carreira. 


Trata-se de um questionamento sobre os personagens enfatizando as contradições dos finais felizes. 


Nascida em São Paulo, Katia Canton estudou arquitetura na Universidade Mackenzie, literatura e civilização francesas no Curso Superior de Nancy, dança clássica e moderna em várias instituições e jornalismo, formando-se pela ECA – Escola de Comunicações e Artes da USP. 



Possui mais de 50 livros publicados e vários prêmios no Brasil e no exterior (entre eles três prêmios Jabuti de Literatura Infantil). Como artista-educadora, desenvolve projetos e oficinas de arte e literatura no Brasil e em diversos países.



Katia é docente e vice-diretora do MAC – Museu de Arte Contemporânea da USP – Universidade de São Paulo e uma das maiores especialistas das artes (literatura, arte e dança) com narrativas e contos de fadas no Brasil e no exterior. É mestre em Performance Studies pela Tisch School of the Arts e PhD em Artes Interdisciplinares pela Steinhardt School of Visual Art and Arts Professions, ambas em Nova York.



Em ''Ontem'', Canton expressa em desenhos, pinturas, fotografias e em uma instalação sonora com poemas as histórias de Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Patinho Feio, Polegarzinha, Pequena Sereia e O Príncipe e o Sapo...



“Pesquisei o ontem dessas histórias, que nasceram orais, aparecem em manuscritos medievais e foram recontadas por Perrault (Charles Perrault, 1628-1703), Grimm (os irmãos Jacob Grimm, 1785-1863, e Wilhelm, 1786-1859), Andersen (Hans Christian Andersen, 1805-1975) e, mais tarde, pela Disney, em uma sociedade americana paternalista”



“As histórias são feitas para serem refeitas nos diferentes contextos culturais, mas ficaram exageradas nos desenhos da Disney. Minha pesquisa comparou as diferentes versões, que foram sendo suavizadas com o passar o tempo. No início, elas eram recheadas de realidade, dramaticidade e de uma luta brutal pela vida.” - Diz a artista.


A Galeria Paralelo é dedicada à arte contemporânea e foi inaugurada em 2010 pelas marchandes Andrea Rehder e Flávia Marujo, e conta com artistas como: Claudia Casarino, Jesús Herrera, Alex Flemming, Luiz Hermano, Emanoel Araújo e Katia Canton, entre outros. 



Exposição ''Ontem'', de Kátia Canton
Galeria Paralelo
Rua Artur Azevedo, 986
De 5 de fevereiro a 04 de abril de 2015
Segunda a sexta, das 10h30 às 19h 
sábados, 11h às 17h
Informações: www.paralelogaleria.com.br ou (11) 2495-6876