O projeto fotográfico da artista promove uma íntima relação com a história da pintura, mais especificamente a pintura holandesa do periodo Barroco.
Duque remete aos movimentos de vanguarda européia do início do século XX que buscam medir na fotografia sua autonomia como linguagem, separando-as da pintura acadêmica tradicional, e enfatizando o impacto visual que surge do contraste entre ambas linguagens.
Retrata seu próprio universo subjetivo e infantil em luzes e cores, em fantasias de princesa, sonhos, lembranças e até frustrações, na dimensão de uma performance, de um gesto que deve ser vivido organicamente.
Suas Marias possuem os fones de ouvido que tapam-lhes os ouvidos, conferem garantia de isolamento, como forma de negar a presença, de manter o outro afastado. Ao conectar esse comportamento contemporâneo do uso dos fones de ouvido em espaços públicos com a aura de impavidez e isolamento natural das infantes, Duque cria quadros de grande simbolismo e reflexões.
As crianças fotografadas por Adriana Duque são quase-pintura, onde a luz é calculada, as roupas são confeccionadas especialmente para a foto, e os olhos azuis das crianças adicionados na pós-produção digital, nos encantam pela mágica, por serem imagens fieis a algo real.
''Adriana exacerba a manipulação de nossa crença perante a imagem. Suas lindas crianças vestem-se como pequenos monarcas, reinam em um cenário de veludo e brocados, adornam-se com uma coroa que se parece com um fone de ouvido, trazendo-as para a contemporaneidade apesar da atmosfera barroca.
Ao citar o século 17 nos contrastes de claro e escuro e na rica ornamentação das vestes e mobílias, Duque nos coloca também em contato com a história da arte latino-americana, que violentamente viu a arte nativa ser substituída pela arte então em vigor na Espanha.
As crianças das fotografias podem ser um retrato de uma arte ainda na infância, que tenta crescer mas mantém-se ligada a um começo artificialmente barroco, que a criança traveste sem questionar, com fones de ouvido que abafam qualquer som crítico, e as mantém olhando para a câmera, sem que vejam, ao fundo, o interior genuíno, simples, de uma casa real.''
Adriana Duque nasceu em Manizales, Colombia em 1968
Vive e trabalha em Bogotá, ColômbiaÉ Formada em Artes Plásticas pela Universidad de Caldas, Manizales, Colômbia.
De 18 de março a 12 de abril de 2014
Sábado: das 11 às 17
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