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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

As relações humanas, sociais e afetivas, estão doentes no início do século XXI.

Introdução

Uma das pessoas mais perítas para tratar de estudos da realidade comtemporânea é Zygmunt Bauman.

Bauman é um sociólogo polonês, que Serviu na Segunda Guerra Mundial pelo exército da União Soviética. Graduou-se em sociologia na URSS, iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, de onde foi afastado em 1968, após ter vários livros e artigos censurados.

Emigrou então da Polônia, por motivo de perseguições antissemitas, e na Grã-Bretanha

tornou-se professor titular da Universidade de Leeds (1971 em diante). Recebeu os prêmios Amalfi (1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (1998, pelo conjunto de sua obra). É atualmente professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.

Em sua concepção sociológica argumenta sobre o comportamento a que chegou o homem contemporâneo, devido ao molde imposto pelo sistema vigente, e traça diretrizes futuras para o que pode acontecer com a civilização no futuro.

Ao fazer uma análise dos costumes de nossa época, os define pelo que chama de liquidez da era contemporânea. Pois a sociedade avança em vários sentidos, porém, são questionáveis suas atitudes e o seu contexto enquanto sociedade. A liquidez, a qual Bauman propõe vem do fato que os líquidos não têm uma forma, ou seja, são fluídos que se moldam conforme o recipiente nos quais estão contidos, movem-se facilmente, simplesmente “fluem”, “escorrem entre os dedos”.

Ao contrário da sociedade rídida e sólida de outrora, hoje tudo é líquido. Fala-se de ''Tempos Líquidos”, ''A Modernidade Líquida'', ''Amor Líquido”...

Um dos mais intrigantes aspectos da sociedade atual, manipulada pelas forças maior de poder do Estado, e do sistema econômico, são como acabaram ficando as relações humanas. Então por este motivo, falaremos de uma de suas obras, ''Amor Líquido'', que trata especificamente deste assunto.

De acordo com Bauman, cada vez mais a sociedade em geral, tem menos contatos entre os indivíduos e que duram menos. Devido às relações líquidas descritas por Bauman em livros como Amor Líquido, em que as relações amorosas deixam de ter aspecto de união e passam a ser mero acúmulo de experiências, e a insegurança é parte estrutural da constituição do sujeito pós-moderno.

Bauman é descrito frequentemente como pessimista, mas sua intenção é seguir a contracorrente: se há cientistas, poetas e artistas espalhando diversas virtudes do capitalismo, por que não expôr exatamente o contrário, sua face desumana?

Amor Líquido



Zygmunt Bauman, investiga aqui de que forma nossas relações tornam-se cada vez mais "flexíveis", gerando níveis de insegurança sempre maiores. Uma vez que damos prioridade a relacionamentos em "redes", as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade — e freqüentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual —, não sabemos mais manter laços a longo prazo.

Não apenas relações amorosas e vínculos familiares são afetados: Bauman verifica ainda que nossa capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada. Como exemplo, ele examina a crise na atual política imigratória de diversos países da União Européia e a forma como a sociedade tende a creditar seus medos, sempre crescentes, a estrangeiros e refugiados.

Uma das mais simples definições do amor, é a que Balman faz aqui, dizendo que o amor, é a vontade de cuidar, e de preservar o objeto cuidado. Um impulso centrífugo, ao contrário do centrípeto desejo. Um impulso de expandir-se, ir além, alcançar o que "está lá fora". 

Ingerir, absorver e assimilar o sujeito no objeto, e não vice-versa, como no caso do desejo. Amar é contribuir para o mundo, cada contribuição sendo o traço vivo do eu que ama. O eu que ama se expande doando-se ao objeto amado. Amar diz respeito a auto-sobrevivência através da alteridade.

O amor significa um estímulo a proteger, alimentar, abrigar; e também à carícia, ao afago e ao mimo, ou a — ciumentamente — guardar, cercar, encarcerar. Amar significa estar a serviço, colocar-se à disposição, aguardar a ordem. Mas também pode significar expropriar e assumir a responsabilidade. Domínio mediante renúncia, sacrifício resultando em exaltação. O amor é irmão xifópago da sede de poder —nenhum dos dois sobreviveria à separação.

Que é diferente do desejo...

''Desejo é vontade de consumir. Absorver, devorar, ingerir e digerir — aniquilar. O desejo não precisa ser instigado por nada mais do que a presença da alteridade.'' - Bauman

Em uma análise sobre estas emoções que são inerentes do instinto humano, Balman claramente demonstra qual a forma que o sistema obviamente explora isso, fazendo com que os administradores de shopping centers planejem que as decisões de compra sejam tomadas por motivos não nascidos e amadurecidos ao acaso, aos consumidores, e nem deixam seu cultivo em suas mãos leigas. 

Todos os motivos necessários para fazê-los comprar devem nascer instantaneamente, enquanto passeiam pelo shopping.

Nos dias de hoje, os shopping centers tendem a ser planejados tendo-se em mente o súbito despertar e a rápida extinção dos impulsos, e não a incômoda e prolongada criação e maturação dos desejos. O único desejo que pode (e deve) ser implantado por meio da visita a um shopping é o derepetir, vezes e vezes seguidas, o momento estimulante de "abandonar-se aos impulsos" e permitir que estes comandem o espetáculo sem que haja um cenário predefinido.

A curta expectativa de vida é o trunfo dos impulsos, dando-lhes uma vantagem sobre os desejos. Render-se aos impulsos, ao contrário de seguir um desejo, é algo que se sabe ser transitório, mantendo-se a esperança de que não deixará conseqüências duradouras capazes de impedir novos momentos de êxtase prazeroso.

Com a ação por impulso profundamente incutida na conduta cotidiana pelos poderes supremos do mercado de consumo, seguir um desejo é como caminhar constrangido, de modo desastrado e desconfortável, na direção do compromisso amoroso.

Em sua versão ortodoxa, o desejo precisa ser cultivado e preparado, o que envolve cuidados demorados, a árdua barganha com conseqüências inevitáveis, algumas escolhas difíceis e concessões dolorosas. Mas, pior que tudo, impõe que se retarde a satisfação, sem dúvida o sacrifício mais detestado em nosso mundo de velocidade e aceleração.

Guiada pelo impulso ("seus olhos se cruzam na sala lotada"), a parceria segue o padrão do shopping e não exige mais que as habilidades de um consumidor médio, moderadamente experiente. Tal como outros bens de consumo, ela deve ser consumida instantaneamente (não requer maiores treinamentos nem uma preparação prolongada) e usada uma só vez, "sem preconceito" É, antes de mais nada, eminentemente descartável.

Consideradas defeituosas ou não "plenamente satisfatórias", as mercadorias podem ser trocadas por outras, as quais se espera que agradem mais, mesmo que não haja um serviço de atendimento ao cliente e que a transação não inclua a garantia de devolução do dinheiro. Mas, ainda que cumpram o que delas se espera, não se imagina que permaneçam em uso por muito tempo.

Afinal, automóveis, computadores ou telefones celulares perfeitamente usáveis, em bom estado e em condições de funcionamento satisfatórias são considerados, sem remorso, como um monte de lixo no instante em que "novas e aperfeiçoadas versões" aparecem nas lojas e se tornam o assunto do momento. Alguma razão para que as parcerias sejam consideradas uma exceção à regra?

As promessas de compromisso,são irrelevantes a longo prazo. O compromisso é uma conseqüência aleatória de outras coisas: nosso grau de satisfação com o relacionamento; se nós vemos uma alternativa viável para ele; e se levá-lo adiante nos causaria uma perda importante em matéria de investimentos (tempo, dinheiro, propriedades em comum, filhos).

Bauman compara o relacionamento como um investimento na bolsa de valores: você entrou com tempo, dinheiro, esforços que poderia empregar para outros fins, mas não empregou, esperando estar fazendo a coisa certa e esperando também que aquilo que perdeu ou deixou de desfrutar acabaria, de alguma forma, sendo-lhe devolvido — com lucro.

Você compra ações e as mantém enquanto seu valor promete crescer, e as vende prontamente quando os lucros começam a cair ou outras ações acenam com um rendimento maior (o truque é não deixar passar o momento em que isso ocorre).

Se você investe numa relação, o lucro esperado é, em primeiro lugar e acima de tudo, a segurança — em muitos sentidos: a proximidade da mão amiga quando você mais precisa dela, o
socorro na aflição, a companhia na solidão, o apoio para sair de uma dificuldade, o consolo na derrota e o aplauso na vitória; e também a gratificação que nos toma imediatamente quando nos livramos de uma necessidade. Mas esteja alerta: quando se entra num relacionamento, as promessas de compromisso são "irrelevantes a longo prazo".

É claro. Relacionamentos são investimentos como quaisquer outros, mas será que alguma vez lhe ocorreria fazer juras de lealdade às ações que acabou de adquirir? Jurar ser fiel para sempre, nos bons e maus momentos, na riqueza e na pobreza, "até que a morte nos separe"? Nunca olhar para os lados, onde (quem sabe?) prêmios maiores podem estar acenando?

A primeira coisa que os bons acionistas (prestem atenção: os acionistas só detêm as ações, e é possível desfazer-se daquilo que se detém) fazem de manhã é abrir os jornais nas páginas sobre mercado de capitais para saber se é hora de manter suas ações ou desfazer-se delas. É assim também com outro tipo de ações, os relacionamentos.

"Estar num relacionamento" significa muita dor de cabeça, mas sobretudo uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar plena e verdadeiramente seguro daquilo que faz — ou de ter feito a coisa certa ou no momento preciso.

Parece que esse dilema não tem uma boa solução. Pior ainda, que ele está impregnado de um paradoxo do tipo mais desagradável: não apenas a relação falha em termos da necessidade que deve-ria (e esperávamos que pudesse) cumprir, mas torna essa necessidade ainda mais afrontosa e exasperante.

Você busca o relacionamento na expectativa de mitigar a segurança que infestou sua solidão; mas o tratamento só fez expandir os sintomas, e agora você talvez se sinta mais inseguro do que antes, ainda que essa "nova e agravada" insegurança provenha de outras paragens. Se você pensava que os juros de seu investimento em companhia seriam pagos na moeda forte da segurança, parece que sua iniciativa se baseou em falsos pressupostos. Isso significa problemas e nada mais que problemas — mas não todo o problema.

Comprometer-se com um relacionamento, "irrelevante a longo prazo" (fato de que ambos os lados estão cientes!) é uma faca de dois gumes. Faz com que manter ou confiscar o investimento 
seja uma questão de cálculo e decisão. Mas não há motivo para supor que seu parceiro ou parceira não deseje, se for o caso, exercitar uma escolha semelhante, e que não esteja livre para fazê-lo se e quando desejar. Essa consciência aumenta ainda mais sua incerteza — e a parte acrescentada é a mais difícil de suportar. Ao contrário de uma escolha pessoal do tipo "pegar ou largar", não está em seu poder evitar que o parceiro ou parceira prefira sair do negócio.

Por todos os motivos, a visão do relacionamento como uma transação comercial não é a cura para a insônia. Investir no relacionamento é inseguro e tende a continuar sendo, mesmo que você deseje o contrário: é uma dor de cabeça, não um remédio.

Na medida em que os relacionamentos são vistos como investimentos, como garantias de segurança e solução de seus problemas, eles parecem um jogo de cara-ou-coroa. A solidão produz insegurança — mas o relacionamento não parece fazer outra coisa. Numa relação, você pode sentir-se tão inseguro quanto sem ela, ou até pior. Só mudam os nomes que você dá à ansiedade.


''Em São Paulo, a tendência segregacionista e exclusivista se apresenta da forma mais brutal,
inescrupulosa e desavergonhada.'' - Teresa Caldeira

E o sexo? O sexo ainda é muito praticado, porém sem qualquer um dos laços que havia anteriormente.

Do encontro dos sexos nasceu a cultura. Nesse encontro ela praticou pela primeira vez sua arte criativa da diferenciação. Desde então, nunca mais foi suspensa, muito menos abandonada, a
íntima cooperação da cultura e da natureza em tudo que se refere ao sexo. A ars erotica, criação eminentemente cultural, guiou a partir de então o impulso sexual na direção de sua satisfação no convívio humano.

Porém hoje, a sexualidade não condensa mais o potencial de prazer e felicidade. Ela não é mais mistificada positivamente como êxtase e transgressão, mas negativamente, como fonte de opressão, desigualdade, violência, abuso e infecção mortal."É como se Antero, irmão de Eros e "gênio vingativo do amor rejeitado", tivesse tomado de seu irmão o domínio sobre o reino do sexo.

Antero era conhecido por ser altamente passional, excitável, lascivo e exaltado, mas, uma vez transformado em senhor indiscutível do reino, teve de proibir a paixão entre seus súditos e proclamar que o sexo devia ser um ato racional, calculado com sobriedade, realizado considerando todos os riscos e regras e, acima de tudo, totalmente desmistificado e desprovido de ilusão.

Quando a qualidade o decepciona, você procura a salvação na quantidade. Quando a duração não está disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo.

Do sexo, seguia-se a procriação. Houve uma época em que os filhos eram produtores, e sua força de trabalho somava-se à força do resto da família.Naquela época, quando a riqueza era derivada do trabalho, a chegada de um filho trazia consigo a expectativa de melhoria do bem-estar da família.

Os filhos podiam ser tratados com dureza, mantidos sob rédea curta, mas esse era um tratamento comum a todos os outros trabalhadores. Não se esperava que o trabalho trouxesse alegria ou causasse prazer ao empregado — a idéia de "satisfação no trabalho' ainda estava para ser inventada. Os filhos eram, na visão de todos, bons investimentos, e como tal eram saudados.

Agora, com a nova fragilidade das estruturas familiares, com a expectativa de vida de muitas famílias sendo mais curta do que a de seus membros, com a participação em determinada linhagem familiar tornando-se rapidamente um dos elementos "indetermináveis" da líquida era moderna e com a adesão a uma das diversas redes de parentesco disponíveis transformando-se, para um
crescente número de indivíduos, numa questão de escolha — e uma escolha, até segunda ordem, revogável —, um filho pode ser ainda "uma ponte" para algo mais duradouro. Mas a margem a que essa ponte conduz está coberta por uma neblina.

Esta é uma época em que um filho é, acima de tudo, um objeto de consumo emocional.

Objetos de consumo servem a necessidades, desejos ou impulsos do consumidor. Assim também os filhos. Eles não são desejados pelas alegrias do prazer paternal ou maternal que se espera que proporcionem — alegrias de uma espécie que nenhum objeto de consumo, por mais engenhoso e sofisticado que seja, pode proporcionar.

Atualmente a medicina compete com o sexo pela responsabilidade da reprodução. A possibilidade fascinante que se encontra bem ali na esquina é a oportunidade de "escolher um filho num catálogo de doadores atraentes quase da mesma forma como eles [os consumidores contemporâneos estão acostumados a comprar pelo correio ou por meio de revistas de moda" — e adquirir a criança escolhida no momento preferido.

Resumindo: a separação entre sexo e reprodução, amplamente observada, tem a anuência do poder. É o produto conjunto do líquido ambiente da vida moderna e do consumismo como estratégia escolhida.

Portanto, Balman conclui que o sexo dá a falsa idéia de união, porque é exatamente o que homens e mulheres procuram ardentemente em seu desespero para escapar da solidão que já sofrem ou temem estar por vir. Mas que no fundo não passa de uma grande ilusão porque a união alcançada no breve instante do clímax orgástico "deixa os estranhos tão distantes um do outro como
estavam antes", de modo que "eles sentem seu estranhamento de maneira ainda mais acentuada".

Nesse papel, o orgasmo sexual "assume uma função que o torna não muito diferente do alcoolismo e do vício em drogas". Tal como estes, ele é intenso — mas "transitório e periódico".

E como se dá a atração e os contatos afetivos nesta era contemporânea? Com o avanço da tecnologia, os equipamentos eletrônicos são utilizados em substituição ao flerte ''ao vivo''. Uma mensagem brilha na tela em busca de outra. Seus dedos estão sempre ocupados: você pressiona as teclas, digitando novos números para responder às chamadas ou compondo suas próprias mensagens.


Você permanece conectado mesmo estando em constante movimento, e ainda que os remetentes ou destinatários invisíveis das mensagens recebidas e enviadas também estejam em
movimento, cada qual seguindo suas próprias trajetórias. Estando com o seu celular, você nunca está fora ou longe, o mundo virtual criou o ''não lugar''.

Encontra-se sempre dentro, mas jamais trancado sozinho em casa. Encasulado numa teia de chamadas e mensagens, você está invulnerável. As pessoas a seu redor não podem rejeitá-lo e, mesmo que tentassem, nada do que realmente importa iria mudar. Não importa onde você está, quem são as pessoas à sua volta e o que você está fazendo nesse lugar onde estão essas pessoas.

Uma mensagem não foi respondida? Também não há motivo para preocupação. Existem muitos outros contatos na lista. Há sempre mais conexões para serem usadas e assim não tem grande importância quantas delas se tenham mostrado frágeis e passíveis de ruptura. Uma multidão de pessoas conectadas: um enxame, para ser mais preciso.

Depois de lermos tudo isso, podemos ficar com uma ideia muito pessimista dos tempos atuais, talvez porque o pessimismo é realista agora, ou vice-versa. É muito triste que a sociedade tenha chegado neste comportamento isento de valores em relação a outro ser humano. Por este motivo finalizaremos estas reflexões com algumas mensagens que Bauman transmitiu para nós nas entrelinhas de seus textos, para que saibamos que embora exista a ''massa do grande fluxo'', também haverá sempre um louco para agir em contrafluxo, como as ovelhas desgarradas do rebanho na obra ''Elogio da Loucura'', de Erasmo de Roterdã.

''O amor, é a vontade de cuidar, e de preservar o objeto cuidado. Amar é contribuir para o mundo, cada contribuição sendo o traço vivo do eu que ama. O eu que ama se expande doando-se ao objeto amado.

O amor significa um estímulo a proteger, alimentar, abrigar; e também à carícia, ao afago e ao mimo.

Amar significa estar a serviço, colocar-se à disposição, aguardar a ordem.
''

Zygmunt Bauman

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