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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Das manifestações, de todo o meu coração.


Todo o Brasil ficou perplexo ao ver as recentes manifestações que ocorreram neste ano de 2013. Não se via uma comoção popular assim desde ''os caras pintadas'' no impeachment do presidente Collor em 1992.

'' - O gigante acordou'' - diziam. E o estopim para a revolução foi a contrariedade de alguns grupos com certo engajamento político, em sua maioria, formados por jovens e estudantes de classe média, em relação ao aumento de 20 centavos da passagem do ônibus, trem e metrô da capital paulista.

Diziam: '' - Não é só os 20 centavos''. Referiam-se que a luta também era por direitos, como a melhoria da saúde, educação, transporte, etc... Resumindo, a melhoria de todos os serviços públicos, o fim da corrupção, e o melhor cumprimento das leis, o fim da impunidade, uma maior justiça social. Pregavam a liberdade para se manifestar, sem que houvesse a repressão militar violenta, remetendo ao passado sombrio da ditadura.

O movimento foi ganhando força e conquistou o apoio de praticamente todos estados do Brasil, e no exterior.
Manifestações no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília... Um momento muito bonito de nacionalismo e patriotismo brilhou no céu do Brasil nesse instante.
Conseguiram fazer com que não aumentasse o valor da passagem, porém as manifestações não cessaram e para tudo, hoje, se faz protesto.

Mas essa onda de protestos não teve início nesse fatídico grande ato contra o aumento da passagem, e sim é um efeito auto corretivo da própria democracia, do momento neo liberalista que vivemos, que de certa forma inscita a polulação à cobrar do governo o preço amargo do capitalismo selvagem, e da desorganização e falhas desse sistema no que diz respeito à infra estrutura. O que o grande ato só acentuou.

O que se deve entender é que esta mudança não ocorrerá do dia para noite. Claro que se deve continuar a luta, porém, talvez não estejamos vivos para ver os benefícios reais desse processo, mas sim os nossos filhos e as próximas gerações. Toda essa revolução e esfervecência, de animus exaltados, confusões e brigas, deve ser melhor planejada, para que não se torne o libertário, algoz de seu próprio vandalismo.

É de se espantar que muito jovens, estudantes, e que teoricamente deveriam ter uma postura crítica em relação à tais eventos, comportaram-se como verdadeiras ''maria vai com as outras'', deixando-se dominar por um ódio quase que irracional, como se o momento pelo qual o Brasil estava, libertasse todo o seu descontentamento, suas frustrações, e insatisfações, muitas vezes até pessoais. Sentiram-se os verdadeiros heróis libertadores da democracia, quando na verdade só estavam deixando-se levar pela maioria.

Estranhamente brigam com a polícia, como se fosse esta própria a lhes causar a insatisfação, e acreditam que tudo é culpa do governo, sem sequer cogitar a culpa das grandes corporações, principalmente as estrangeiras. Não são os estudantes os seres pensantes? E a elite intelectual, que se limitou a ora apoiar, ora recriminar, sem tecer argumentos plausíveis em relação ao problema, como um modo de manter certa neutralidade, na incerteza do que ia acontecer, e em que aquilo tudo ia dar.

Talvez esses jovens de classe média, não conseguissem enxergar sua própria culpa, como herdeiros de empresários e de famílias ricas, e por isso no caso do Brasil, a culpa recaiu toda para o governo, ao contrário dos protestos do ''Occupy Wall Street'', nos Estados Unidos.

De tudo isso, de todo o meu coração, sinto que essa grande insatisfação social dessa era, tem a culpa cúmplice de todos nós, diante de um sistema de civilização que começou baseado na exploração do mais fraco, e custa muito a se perceber que toda essa ganância corporativa, que impede a justa distribuição de riquezas no mundo, é a verdadeira causa da nossa insatisfação, que nos torna egoístas até nas emoções, tornando todo esse jogo diário de lutas e conquistas enfadonho e repetitivo.

Evidente que devemos lutar pela melhoria social, seja contra os governantes, seja contra às grandes corporações, ou contra os abusos de autoridade, contudo nunca nos contentaremos com quaisquer sejam as melhorias, se não lutarmos contra o nosso egoísmo e a nossa intenção de estarmos sempre com a razão.

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