Inspirada pela obra de Luis Felipe Rosado, ''Uma proposta de interface entre dois domínios da análise de discurso: a linha francesa e a sua relação com a teoria crítica do discurso.''
A Análise do Discurso na França é caracterizada por um trabalho mais teórico e abstrato. Já a Análise do Discurso anglosaxã, tem um caráter mais empirista.
Norman Fairclough apropria-se da Lingüística e da Sociolingüística em sua concepção em contrapartida aos teóricos franceses Pêcheux, Foucault entre outros...
Norman Fairclough à esquerda e seu amigo, Teun A. van Dijk |
Ao propor a sua teoria social do discurso, Fairclough está assumindo um certo distanciamento em relação a Saussure, e ao que ele chama de abordagem estruturalista do analista de discurso francês, Michel Pêcheux.
Ao usar o termo ''discurso'', nos diz Fairclough,
''proponho considerar o uso da linguagem como forma de prática social e não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveis situacionais'' (FAIRCLOUGH, 1994).
Na ACD há necessidade do sujeito em uma posição fundamental para todo o processo de análise discursiva. O antihumanismo dos teóricos pósestruturalistas, encontra o seu oposto, em algumas dimensões da proposta de Fairclough: o mundo é constituído pela atribuição de sentido que os atores sociais lhe impõem. Sem a interação subjetiva, a intenção dos sujeitos e a atribuição de sentido aos objetos, não existem condições para explicar o processo de produção do discurso e dos sentidos.
Não abre espaço para tratar dos eventos sociais cotidianos, da produção de sentido intersubjetiva, sem fazer remissões a processos estruturais mais amplos.
Num diálogo entre as duas modalidades pode-se dizer que o acontecimento discursivo apresenta práticas discursivas e não discursivas motivadas estruturalmente, mas por outro lado, os sujeitos é que estão a todo o momento ressignificando, colocando as estruturas em risco em suas práticas discursivas.
O que é fundamental na AD, e ignorado na ACD, é a sofisticação na definição da estrutura da língua, ou da materialidade lingüística, expressão que nos fornece uma idéia mais completa do que se trata a língua: uma estrutura opaca, atravessada pelos eventos sóciohistóricos. (Luis Felipe Rosado)
Na AD, o mais importante seriam os conceitos filosóficos e a produção de sentido, e não se volta da mesma forma à transformação social, como na ACD.
O discurso é dispersão de sentidos, porque é efeito de sentido entre locutores. Não existe no discurso univocidade de sentido, assim como não existe na língua e no sujeito do inconsciente, estruturado pela língua, a completude que se espera e se busca. (Luis Felipe Rosado)
Existem grandes diferenças em ambas teorias.
Para a ACD, o processo de interpelação ideológica, tal como é descrito na AD, é muito rígido e faz com que o sujeito desapareça ao estilo estruturalista. Para Fairclough, o agente-sujeito é uma posição intermediária, situada entre a determinação estrutural e a agência consciente. Ao mesmo tempo em que sofre uma determinação inconsciente, ele trabalha sobre as estruturas no sentido de modificálas conscientemente, em um espaço que se afirma muito mais amplo que na AD. É como se a estrutura estivesse em constante risco material em função de práticas cotidianas de agentes conscientes. (Luis Felipe Rosado)
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