Com o Novo Acordo Ortográfico, algumas das regras do uso do hífen foram alteradas, gerando muitas dúvidas.
Então, resolvi descrever aqui, as novas regras do uso do hífen, para que possamos escrever corretamente.
1. Palavra iniciada com H (Utiliza)
Com prefixos (anti, co, mini, super, etc.), sempre se utiliza o hífen quando a segunda palavra/elemento for iniciado com H (hotel, herdeiro, herói, humano, etc.).
Veja alguns exemplos:
anti-higiênico
anti-herói
co-herdeiro
mini-hotel
sobre-humano
super-homem
Mas atenção! A exceção a essa regra é a palavra “subumano“, onde, na junção do “sub” + “humano”, a palavra humano perde o H.
2. Vogais diferentes (Não Utiliza)
Não se usa mais o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia a segunda palavra.
Um exemplo disso é a palavra aeroespacial, a qual é formada pela preposição “aero” (que termina com o) + “espacial” (que começa com e). Como a vogal que termina o prefixo (“o”) e que começa a palavra (“e”) são diferentes, não se utiliza o hífen.
Veja abaixo outros exemplos:
agroindustrial
antiaéreo
autoaprendizagem
autoestrada
coautor
infraestrutura
semiaberto
Mas atenção! O prefixo “CO” junta-se com a segunda palavra mesmo quando ela inicia com O. Exemplos: coordenar, cooperar, cooperação.
3. Consoante inicial R ou S (Não Utiliza)
Nos casos onde o prefixo termina com vogal e a segunda palavra/elemento começa com R ou S, essas letras são duplicadas e não se utiliza o hífen.
Por exemplo, a palavra antissocial é formada pelo prefixo “anti” e o elemento/palavra “social”, mas como o prefixo termina em vogal (“i”) e o segundo elemento começa com S, o S é duplicado, formando assim a palavra antiSSocial.
Mais alguns exemplos em que o R ou S são duplicados:
antirrábico
biorritmo
contrassenso
cosseno
microssistema
minissaia
semirreta
ultrassom
4. Consoante inicial diferente de R ou S (Não Utiliza)
Essa regra complementa a regra anterior. Quando o prefixo termina em vogal e a segunda palavra começa com uma consoante diferente de R ou S, não se utiliza o hífen.
Um bom exemplo dessa regra é a palavra seminovo. Ela é formada pelo prefixo “semi” (que termina com I) + “novo” (que começa com N). Como o prefixo termina com vogal (“i”) e a consoante que começa a segunda palavra (“n”) não é R ou S, não se usa o hífen.
Veja outros exemplos:
antecâmara
autopeças
geopolítica
microcomputador
semicírculo
ultramoderno
Mas atenção! Com o prefixo “VICE“ sempre se utiliza o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante, vice-presidente, vice-governador.
5. Vogais iguais (Utiliza)
Outra regra que mostra quando se utiliza o hífen. Quando o prefixo termina com a mesma vogal com que a segunda palavra começa, sempre se utiliza o hífen.
Um exemplo dessa regra é a palavra anti-inflamatório. Perceba que o prefixo “anti” termina com a mesma vogal que a palavra “inflamatório” começa, ou seja, a vogal I. Quando isso acontece, sempre devemos utilizar o hífen.
Veja outros exemplos em que o hífen é utilizado:
anti-inflacionário
auto-observação
contra-ataque
micro-ondas
micro-ônibus
semi-interno
6. Consoantes iguais (Utiliza)
Quando o prefixo termina com consoante, se a segunda palavra começar com a mesma letra, utiliza-se o hífen.
Um bom exemplo dessa regra é a palavra inter-regional. No caso, o prefixo “inter” termina com R e a palavra “regional” também começa com R, formando a palavra “inteR-Regional”, por isso é obrigatória a utilização do hífen entre elas.
Veja mais exemplos dessa regra:
inter-racial
sub-bibliotecário
super-resistente
super-romântico
Lembre-se, nos demais casos, onde as consoantes não são iguais, não se utiliza o hífen. Exemplo: hipermercado, intermunicipal, superproteção, subsaariana.
Mas atenção! Essa regra possui algumas exceções:
No caso do prefixo SUB, usa-se o hífen também diante de palavras iniciadas com R. Exemplo: sub-região, sub-regimento, etc.
No caso dos prefixos CIRCUM e PAN, também utiliza-se o hífen se a segunda palavra começar com M, N ou VOGAL. Exemplo: circum-navegação, pan-americano, etc.
7. Consoante com vogal (Não Utiliza)
Essa regra fica quase que subentendida pelas outras regras, mas é sempre bom enfatizar. Quando o prefixo terminar em consoante e a segunda palavra começar com vogal, não se usa o hífen.
Por exemplo, a palavra hiperativo é formada pelo prefixo “hiper” (que termina com a consoante R) e a palavra “ativo” (que começa com a vogal A), por isso ela não recebe hífen.
Veja outros exemplos do uso dessa regra:
hiperacidez
interescolar
interestelar
superaquecimento
superexigente
superinteressante
8. Utilização obrigatória
Com o Novo Acordo Ortográfico tornou-se obrigatória a utilização do hífen após certos prefixos, sendo eles: ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré e pró.
Ou seja, toda vez que você utilizar esses prefixos para formar uma palavra, você precisa usar o hífen.
Veja alguns exemplos com cada um desses prefixos:
ex-aluno, ex-presidiário, ex-presidente
sem-terra, sem-teto
além-mar, além-túmulo
aquém-mar
recém-casado, recém-nascido
pós-graduação, pós-doutorado
pré-vestibular, pré-adolescente
pró-europeu
9. Origem tupi-guarani (Utiliza)
No Novo Acordo Ortográfico foi determinado que quando forem utilizados os sufixos de origem tupi-guarani, açu, guaçu e mirim, é obrigatória a utilização do hífen.
Cabe ressaltar que essa regra diz respeito ao uso de SUFIXOS, ou seja, a parte utilizada no final da palavra. Exemplos de palavras formadas com esses sufixos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Encadeamentos vocálicos (Utiliza)
Essa regra é uma das poucas regras do Novo Acordo Ortográfico que não falam sobre a utilização de prefixos. Ela estabeleceu que deve-se utilizar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam para formar encadeamentos vocálicos.
Portanto, quando as palavras aglutinadas não formarem um vocábulo, ou seja, uma nova palavra, deve-se utilizar o hífen.
Veja abaixo alguns exemplos:
Rio-Niterói
Rio-São Paulo
Sampa-Sul
11. Usualidade (Não Utiliza)
Algumas palavras anteriormente formadas pela junção de duas ou mais palavras ficaram tão comuns na língua portuguesa que o Novo Acordo Ortográfico definiu que elas não devem mais ser escritas com o hífen.
Ou seja, não se usa mais o hífen em palavras que perderam a noção de composição.
Veja alguns exemplos:
girassol
madressilva
mandachuva
paraquedas
paraquedista
pontapé
12 – Separação silábica (Utiliza)
Essa regra diz respeito à separação silábica dos textos manuscritos. Com o Novo Acordo Ortográfico ficou definido que, para ajudar na clareza gráfica dos textos, se no final da linha a separação de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Ou seja, quando você estiver escrevendo uma redação ou texto à mão, na hora de separar as sílabas de uma palavra porque ela não coube inteira no final da linha, se essa separação coincidir com o hífen, como quando utilizamos a ênclise (pronome colocado após o verbo: diz-se, fala-se, etc.), o hífen deve ser repetido no começo da próxima linha.
Veja o exemplo abaixo:
Na cidade contava–
–se que ele fugiu de casa.
O diretor recebeu os ex–
–alunos de braços abertos.
Acho que é isso! Espero ter ajudado!